FORMAÇÃO POLÍTICA

Nosso velho Parlamento

2024 pode ser “ano perdido” no Congresso.

Passou o primeiro semestre e a Reforma Tributária permanece sem ser regulamentada. No segundo semestre terão lugar as eleições municipais. É provável que 2024 passe sem que o assunto evolua – isso porque, passada as eleições municipais, acontecerá a troca de comando nas Casas do parlamento, que se dará em feveriro de 2025.

A Câmara dos Deputados, liderada por Arthur Lira (PP) acabou contaminada pelo jogo que ele ali implementou com maestria. E conforme o fim do mandato de Lira se aproxima, os velhos problemas que ele tem reaparecem – e sua aura de democrata vai ficando mais opaca. 

Os frutos de sua gestão aí estão. Conduzindo com mão autoritária e apoiado por deputados que foram manejados por pura conveniência política, quase nada aconteceu.

Agora, perde-se energia e capital político discutindo questões ideológicas que beiram o medievalismo. A rua, porém, se manifestou e demonstrou àqueles senhores e senhoras que o povo ainda existe. Assim, o poderoso Lira encolheu-se e lembrou de que existem as Comissões para debater temas que, apesar de ridículos, por vezes ali aportam. 

Os protestos havidos contra a lei que pretende transformar meninas (na maioria das vezes abusadas) em criminosas, frearam o descalabro. É que, quando a Paulista grita, Brasília se recolhe.

A Câmara dos Deputados existe para debater as grandes questões nacionais. Falar de aborto, neste momento, não parece nada adequado. Andamos em círculos porque nos falta uma alma estadista em nossos altos escalões de governo. O que temos é uma inteligência que se volta para conduzir a sociedade não para frente, mas para o lado, quando não para trás.

A covardia é a marca histórica de nosso parlamento. Foram necessários quase quarenta anos após a Lei Eusébio de Queirós ser aprovada para que a  efetiva (e, ainda assim, mal planejada) abolição da escravatura tornasse realidade. 

Agora, a história se repete. Assim como os ingleses nos pressionaram a interromper com o tráfico de escravos no início do século XIX, duzentos anos depois somos pressionados a editar leis que protejam o meio ambiente. E, mais uma vez, insistimos em “leis para inglês ver” e, quando as leis existem, relaxamos na fiscalização.  Não percebem nossos governantes que estamos perdendo grandes oportunidades?

Nosso país precisa de um parlamento que dê respostas adequadas às necessidades da sociedade. O problema é que esta deficiência é difícil de ser suprida. 

E nada de colocar a culpa no povo que, supostamente, não sabe votar. O problema é que os partidos políticos (que oferecem o menu de opções), deveriam se esmerar melhor na escolha de candidatos. A julgar por quem preside os mesmos, estamos em maus lençóis.

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